Estudo de Mateus 12, 1-8
Texto Bíblico
“Naquele tempo, passando Jesus em dia de sábado pelas searas, seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas e a comer. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: ‘Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer em dia de sábado’. Jesus respondeu-lhes: ‘Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na casa de Deus e comeram os pães da proposição, os quais não era lícito comer, nem a ele nem aos que estavam com ele, mas somente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo. Mas, se soubésseis o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’, não condenaríeis inocentes. Porque o Filho do Homem é Senhor até do sábado’.” (Mateus 12, 1-8).
Estudo Patristico
Os Padres da Igreja, como Santo Agostinho e São João Crisóstomo, oferecem uma profunda interpretação deste trecho, destacando a autoridade de Jesus e a primazia da misericórdia sobre o sacrifício ritual. Santo Agostinho, em sua obra “Contra Faustum”, argumenta que Jesus mostra que a necessidade humana, como a fome, é mais importante do que a observância legalista do sábado. Ele sugere que a lei deve ser compreendida à luz do amor e da misericórdia, e não como um fardo que oprime.
São João Crisóstomo, em suas homilias sobre o Evangelho de Mateus, enfatiza que Jesus, ao se referir a Davi, demonstra que as necessidades humanas fundamentais têm precedência sobre as leis cerimoniais. Ele também destaca que Jesus, ao dizer que “o Filho do Homem é Senhor até do sábado”, afirma Sua divindade e autoridade sobre a Lei.
Santa Faustina
Santa Faustina Kowalska, conhecida como a Apóstola da Misericórdia Divina, também oferece uma rica perspectiva sobre a importância da misericórdia. Em seu “Diário: A Misericórdia Divina na Minha Alma”, ela relata as palavras de Jesus que lhe foram reveladas, enfatizando constantemente que a misericórdia é o maior atributo de Deus. Jesus disse a Santa Faustina: “Desejo misericórdia e não sacrifício” (Diário, 742), ecoando o ensinamento de Mateus 12, 1-8.
Santa Faustina ensina que a verdadeira santidade está em viver a misericórdia em nossas vidas diárias, ajudando os necessitados e perdoando os outros. Ela sublinha que a misericórdia deve ser o guia de nossas ações, assim como foi para Jesus e Seus discípulos.
Vida dos Santos
Diversos santos viveram e ensinaram sobre a importância da misericórdia e da compaixão, refletindo os ensinamentos de Jesus neste trecho. São Francisco de Assis, conhecido por sua vida de humildade e serviço aos pobres, exemplificou a misericórdia e a compaixão em suas ações diárias. Ele ensinou que a verdadeira observância das leis de Deus deve sempre ser guiada pelo amor e pela misericórdia.
Santa Teresa de Calcutá também é um exemplo moderno da aplicação prática deste ensinamento. Ela dedicou sua vida aos mais pobres entre os pobres, muitas vezes desafiando normas e convenções sociais em nome da compaixão e do cuidado com o próximo.
Conclusão
Este trecho do Evangelho de Mateus nos chama a refletir sobre a essência da lei divina, que é a misericórdia e o amor. Os santos e os Padres da Igreja nos ensinam que a verdadeira observância das leis de Deus não está em rituais vazios, mas no cuidado amoroso com o próximo e na prioridade às necessidades humanas básicas.